cidadania

Com 20% de visão, voluntário ajuda outros deficientes visuais

Foto: Charles Guerra (Diário)
Com 20% de visão, Alessandro ajuda outros deficientes visuais

Em 2012, a televisão noticiava um alagamento na Associação de Cegos e Deficientes Visuais (ACDV) de Santa Maria. À época, a sede da instituição era na antiga Casa de Cultura, na Praça Saldanha Marinho.

Ao ouvir aquele noticiário, o impressor gráfico aposentado Alessandro de Oliveira, 44 anos, imediatamente, colocou-se à disposição para ajudar. Buscou auxílio de diversas formas e, com serviço de frete e aquisição de donativos para a ACDV, tornou-se voluntário permanente na associação. Em 2013, a ACDV ganhou nova sede. Desde então, na casa nova da instituição, na Vila Belga, Alessandro ajuda no planejamento financeiro e em outras demandas, conforme as necessidades de quem conta com o auxílio do grupo. Além da disposição em ajudar, o voluntário compreende a importância da associação no acompanhamento de deficientes visuais. Em 2004, ele foi diagnosticado com glaucoma, doença causada por ferimento no nervo que liga o olho ao cérebro, e ficou com a visão comprometida. Alessandro conta hoje com 20% de capacidade visual. Especialista em reeducação visual e atuante na ACDV, Clecimara Vianna explica que a presença do voluntário no grupo é muito importante:

- O trabalho dele é primordial para a instituição. Ele consegue ver muitas coisas que os cegos têm dificuldades - diz a professora que atende crianças no turno da manhã, na ACDV.

Irmãs de São Gabriel lançam projeto musical para ajudar a causa animal

Aos poucos, Alessandro ficou conhecido dentro da instituição, na qual orienta novos membros que, assim como ele, têm dificuldades para enxergar. Em 2016, o voluntário foi escolhido a exercer a função de 1º tesoureiro ACDV. Sempre disposto a colaborar com os amigos que ali fez, organiza o planejamento financeiro da comunidade.

- É um novo aprendizado. Antes de perder a visão, conseguia, ao menos, dirigir e jogar futebol - conta.

Projeto de judô ajuda crianças e jovens a ter disciplina e a projetar um futuro

Alessandro tem orgulho de atuar na associação, que acolhe portadores de deficiência de Santa Maria e da região:

- Crianças e adultos de localidades próximas participam das nossas oficinas. Tenho prazer em participar, divulgar e trabalhar na ACDV.

Confira mais histórias de cidadania

Com experiência no voluntariado, Alessandro comenta a respeito das dificuldades enfrentadas pela associação. Ele conta que, só no tempo em que acompanha a iniciativa, a ACDV já foi arrombada duas vezes. Para a prevenção desses problemas, ele reforça a necessidade de medidas de segurança pública. O tesoureiro conta que, em 18 de junho deste ano, a ACDV foi novamente arrombada. Desta vez, levaram notebooks adaptados ao uso dos deficientes visuais. Para ajudar a associação a se recuperar dos danos, ele ajudou a movimentar outras campanhas de arrecadação.

- Quem fez isso tem falta de caráter. Tivemos gastos para deixar a sede mais protegida. Todo investimento é válido para que o patrimônio fique seguro - diz Alessandro. Para perseverar em todos esses desafios, o voluntário destaca a importância do apoio que recebe dos amigos. Atleta e músico, além de tocar bateria, Alessandro é fã de natação e futsal. Orgulhoso do grupo, ele acredita que, pelo menos, um desses esportes será contemplado em um projeto futuro da ACDV. A ideia dele é montar um time de futsal adaptado aos associados: - Na associação, aprendi a respeito de companheirismo, deficiência visual e como me locomover na cidade com segurança. Precisei reaprender muitas coisas. Ser recebido na ACDV foi muito bom.

FUNDAMENTAL

Amiga do voluntário, a relações públicas Ana Paula Martins colabora na divulgação das campanhas da associação. Ela diz que as oficinas de culinária, dança e academia ofertadas pela ACDV só são possíveis devido ao suporte proporcionado pelo colega:

- Somos gratos pela dedicação e comprometimento do Alessandro com a instituição. O voluntariado é uma forma de deixar uma marca no mundo. A experiência dele como músico e ativista das causas sociais inclusivas é exemplo para pessoas com necessidades especiais.

Mesmo diante do arrombamento que a ACDV sofreu em 2018, Anderson mantém um sorriso no rosto e projeta um futuro de acessibilidade

Além do trabalho com as finanças, Clecimara diz que a maior virtude do colega, somado ao trabalho motivacional, é ser um "faz-tudo" e estar sempre disposto a mover montanhas em nome da ACDV:

- Ele recebe visitantes e novos associados, explica como funciona o trabalho da instituição e ainda relata a experiência dele. Além disso, faz a triagem dos membros que chegam. Hoje, não tem como abrir as portas da associação sem o Alessandro. Ele é fundamental nesta casa.

COMO AJUDAR

Doações para ajudar a ACDV podem ser feitas na conta da instituição, no Sicredi (agência 0434 e conta corrente 08878-1A). A associação também vende números para uma rifa beneficente que será sorteada no dia 15 de dezembro. Mais informações pelo telefone (55) 3307-8804, ou na página da ACDV, no Facebook.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Santa Maria ganha Centro de mediação de ações trabalhistas Anterior

Santa Maria ganha Centro de mediação de ações trabalhistas

Ações trabalhistas têm mais de 30% de queda em Santa Maria Próximo

Ações trabalhistas têm mais de 30% de queda em Santa Maria

Geral